29 outubro, 2024

Pirografia - Chamas do Passado



Nas profundezas da história, onde sombras de gigantes antigos se entrelaçam com a luz do presente, eu, um paleoartista, invoco a essência das criaturas extintas por meio da arte da pirografia. Com cada traço ardente, resgato do esquecimento dinossauros majestosos e seres pré-históricos que uma vez dominaram a Terra, trazendo à vida as suas histórias gloriosas.


Minhas obras não são meras representações; elas são portais que conectam o passado ao presente. Utilizando madeira de fontes sustentáveis, honro a natureza e busco equilibrar a beleza do que foi com a responsabilidade do que é. A cada centelha que toca a superfície da madeira, queimo não apenas fibras, mas também as lições eternas de um mundo que já foi.


Através da minha arte, convoco os admiradores a se unirem a mim nesta jornada épica de redescoberta e reverência. Que cada peça inspire uma chama de curiosidade e respeito pelo nosso planeta, lembrando-nos que, embora os titãs do passado tenham desaparecido, seu legado vive em nós. Que esta conexão profunda nos impulsione a proteger e preservar o frágil equilíbrio da vida, garantindo que as futuras gerações herdem não apenas a história, mas também a rica tapeçaria de biodiversidade que devemos lutar para manter.



27 maio, 2024

Itajubá - Sul de Minas Gerais

Entre os mares de morros, bem vindos à Itajubá.


Itajubá, na sombra da Serra da Mantiqueira, é um verdadeiro paraíso ecológico, onde a majestosa paisagem montanhosa se funde com a exuberante flora da Mata Atlântica. Imagine um lugar onde as montanhas acariciam o céu, criando um cenário de tirar o fôlego a cada amanhecer. Este é o encanto de Itajubá, uma cidade que se orgulha de suas altitudes e de sua rica biodiversidade.

Nas encostas verdejantes das montanhas, uma tapeçaria de vegetação se desenrola, composta por uma miríade de espécies da Mata Atlântica. Árvores imponentes, como o jequitibá e o ipê, erguem-se majestosas, enquanto bromélias e orquídeas adornam o sub-bosque com suas cores vibrantes e formas curiosas. A floresta aqui é viva, pulsando com a energia de uma infinidade de plantas e animais que encontram refúgio em suas sombras acolhedoras.

Cada trilha que serpenteia pelas montanhas de Itajubá é uma jornada de descoberta e maravilhamento. Os sons da natureza – o canto dos pássaros, o sussurro das folhas ao vento, o murmúrio dos riachos cristalinos – criam uma sinfonia natural que acalma e revigora a alma. As montanhas não são apenas cenários deslumbrantes; elas são guardiãs de um ecossistema rico e delicado, essencial para a manutenção da vida.

Porção da Serra dos Toledos, biodiversidade em risco devido a falta de comprometimento da politica itajubense.

A flora de Itajubá é uma celebração da diversidade e da resistência da natureza. Em cada canto, a vida floresce em formas surpreendentes, desde os líquens que cobrem as rochas até as samambaias que dançam à sombra das árvores centenárias. Esta abundância vegetal não só sustenta a biodiversidade local, mas também oferece um vislumbre da antiga beleza da Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos e ameaçados do planeta.
Serra da Pedra Aguda (1560 m).


Em Itajubá, cada montanha, cada árvore e cada flor contam uma história de resiliência e beleza. É um convite a se perder nas trilhas, a respirar o ar puro das alturas e a se reconectar com a essência mais pura da natureza. Este é o lugar onde o coração encontra paz e onde a alma se renova, envolvida pelo abraço eterno das montanhas e pelo esplendor da flora nativa. Itajubá é um santuário ecológico, um verdadeiro refúgio onde a natureza revela sua magnificência em cada detalhe, inspirando e arrebatando todos que têm a sorte de conhecê-la.


Eduardo Serrano, a contemplar a Pedra de Santa Rita (1906 m).




22 maio, 2024

Sob o sol: Entre Gado e Bravura

 

Joeson, o capataz da Fazenda São Judas.


Em meados de setembro de 2021, tive a honra de ser convidado a testemunhar uma comitiva de gado, que se iniciava na Estrada Parque do Pantanal. A cena era monumental: aproximadamente 1000 cabeças de gado, um mar de vida movendo-se em uníssono através da vastidão do Pantanal. Naquela época, o bioma sofria com uma severa estiagem, e o pasto, outrora abundante, não sustentava mais os animais.


Preparando para a missão.



Piquete onde o rebanho passou a noite.

A solução foi levar o rebanho para a Fazenda São Judas, onde seriam engordados numa invernada. Mas primeiro, os vaqueiros tinham a missão de conduzir o gado até a sede da fazenda, uma jornada de 20 km através de uma estrada vicinal que liga a Estrada Parque ao coração do Pantanal do Abobral. A tarefa exigia habilidade e resistência, características que meus amigos peões possuíam de sobra. Entre eles, o capataz Joeson, conhecido como Gordinho, que fazia o melhor churrasco que já provei, Paulo Formiga, o pequeno grande homem Sales, e o Paulo Paraguaio, que vinha com o trator carregando os mantimentos e outras tralhas do acampamento.


Simplicidade aconchegante.




Na sombra de antigos gigantes.

Imersão.





Chegaram alguns dias antes e acamparam ali mesmo, à espera dos caminhões e para avaliar o rebanho. Os cavalos já estavam prontos para a ação. O desjejum começou antes do raiar do sol com um tradicional quebra-torto, composto de arroz e carne de charque, uma iguaria feita com carne de vaca salgada e seca, preparada pelos próprios peões.

Paulo preparando a iguaria quebra-torto.




Auxilio chegando para a jornada.




Paulo "Formiga" ajeitando sua montaria.






Cidão e sua montaria pronta para ação.






Com o sol ainda nascendo, o trabalho já começava, numa tentativa de evitar o calor abrasador que o dia prometia. Por volta das 7 da manhã, o termômetro já marcava 34°C. A natureza do Pantanal oferecia algumas poças de água, onde os animais se refrescavam sempre que podiam, uma cena que trazia alívio tanto para o gado quanto para os homens.



O calor opressor, onde a sombra é só debaixo do chapéu.


O método de condução era simples, mas exigente: dois ponteiros guiavam os animais à frente, dois meieros protegiam os flancos para evitar dispersões, e os culateiros incentivavam os retardatários a seguirem junto do grupo. Atravessaram o percurso em aproximadamente 8 horas. O que vi foi impressionante e comovente.










A cultura da pecuária no Pantanal é uma mistura de tradição e resistência. As comitivas são um espetáculo à parte, uma sinfonia de coordenação entre homem e animal, onde cada movimento é crucial. A lida no Pantanal é intensa e perigosa, mas a determinação dos peões é admirável. Felizmente, naquela ocasião, tudo correu bem, e os peões e animais chegaram em segurança à Fazenda São Judas, cumprindo com maestria a sua missão.


A experiência ficou gravada em minha memória, uma prova da bravura e da competência dos pantaneiros, que mantêm viva uma tradição rica e fascinante, mesmo diante das adversidades da natureza.